Gente!
Eu disse que postaria todas as aventuras do Matheus aqui, inclusive as difíceis.
Hoje, fomos ao Hipermercado Extra fazer compras. Já na chegada (estacionamento) havia um carro com o alarme disparando. Eu sabia que Matheus ficaria nervoso, então tapei seus ouvidos e saí do carro levando-o o mais depressa possível para dentro do Extra. Não sei se agi certo, mas quando temos problemas com alarmes e sirenes ele sofre, não é só um comportamento. Ele fica imitando o som, mas chorando, e quando termina ele continua chorando, fica triste, procurando aconchego no meu colo.
Acredito, também, que ele estava cansado, pois havíamos saído da feira do Guará antes de chegar ao Extra. É, eu sei, foi demais para um dia só. Mas, precisávamos ir ao mercado e não tínhamos como não levar Matheus junto.
Ele estava bem animado para ir ao Extra, pois adora ir ao mercado, só que o episódio do alarme desestruturou o passeio. Pior que não terminou aí, sabe aquela máxima "nada é tão ruim que não possa piorar", pois é, hoje foi assim.
Depois que passou o susto com o alarme, ele foi direto à Casa Lotérica, pois queria comprar uma Tele Sena. Estava fechada. Não me dei conta que era domingo ás 18h. Ele ficou bastante frustrado, mas só ficou triste. Esse não é o final.
Fomos às compras, ele se distraiu ajudando a encontrar os produtos da nossa lista de compras (teve dificuldades para ler a letra do pai que não estava muito legível, mas conseguiu decifrar várias coisas, hehe). No final quando estávamos perto de ir para o caixa ele encontrou uma estante só de dvd's e...Meu Deus! Escolheu quatro (Michel na balada; Luan Santana; Gustavo Lima e Asa de Águia), logo esses que são bonnnnnnnns! Desculpem-me os fãs, mas eu não dou conta!
Ele ficou 10 minutos em volta daqueles dvd's enquanto eu me escondia atrás da gôndola do café (ele foi sozinho até os dvd's e eu fiquei escondida para ver se ele sentiria nossa falta, se nos procuraria ou perguntaria por nós. Essa é outra preocupação porque ele até procurou por nós, mas não encontrou e então voltou para os DVD's sem falar com ninguém. Quando apareci, ele veio imediatamente em minha direção, mas não disse nada).
Ele escolheu os DVD's e os colocou no carrinho. Acho que o erro foi deixá-lo colocar os produtos no carrinho e só ter dito a ele que não levaríamos os DVD's ao chegar no caixa. Na verdade, agora, lembrando do episódio, tenho certeza que esse foi o meu erro. Pensa! Se eu, que não sou autista e sou adulta (pelo menos as vezes) estivesse com um produto do qual gostasse muito e só ao chegar ao caixa me dissessem que eu teria de deixar meu objeto de desejo, ficaria muuuuuuuuuuuuito frustrada. Então por que fiz isso com o Matheus? Só percebi tudo isso agora.
É claro que ele iria apresentar todos aqueles comportamentos, foi uma chuva de frustrações, tudo conspirava a favor dos comportamentos "inadequados: 1º) o cansaço, pois passamos a tarde na feira; 2º) o alarme do carro disparando na chegada; 3º) a casa lotérica fechada; 4º) a mãe, que dormiu no ponto, e deixou a criança acreditar que levaria os DVD's. Todos esses ingredientes só poderiam resultar em uma gororoba!
Matheus chorou, gritou e se bateu em mim (vinha caminhando rápido em minha direção e me dava um "encontrão" como se não visse que eu estava ali), é claro que tudo isso com uma grande plateia, mas pelo menos ao ver todos aqueles comportamentos, ninguém teve coragem de me tirar do caixa preferencial.
Eu ignorei todos os comportamento (os do Matheus e os do público, estou ficando boa nisso), mas ao sairmos do mercado ele saiu correndo quando viu a porta. Nesse momento tive que falar grosso com ele, "Matheus, volte aquí agora." Fiz isso por que tem movimento de carros na saída, que dá para o estacionamento. Não poderia ignorar aquele comportamento. Ele voltou assim que chamei, então peguei a mão dele e saímos juntos. Mas, no meio do caminho ele tentou sair correndo novamente, eu o segurei mais forte e ele começou a se debater e a gritar mais alto do que antes, tentando soltar-se de mim (coisas que há muito tempo não via Matheus fazer). Eu não deixei ele se soltar sozinho. Me abaixei, e disse "olha pra mim. Eu vou te soltar, mas você não vai sair correndo." Ele só continuou com o choro, não correu nem gritou. Entretanto, para não correr riscos, continuei segurando sua mão bem de leve, mas com as antenas ligadas, pois sentia que a qualquer momento ele sairia correndo. Meu radar não falha, ao ver o carro e se aproximar dele, tentou correr novamente, eu o segurei mais forte pela mão, abri a porta e o deixei entrar.
Dentro do carro eu disse que ele não teria acesso à revista VEJA, que havia comprado, porque não se comportou. Ele começou a pedir desculpas. Desculpa mamãe, desculpa mamãe......até a metade do caminho, quando lembrei que tinha que ir à costureira. Ele ficou no carro esperando com pai, por aproximadamente 1 hora ( é eu sei, NOSSA!!). Quando voltei ao carro para, finalmente, irmos para casa, Matheus estava mais tranquilo (ficou ouvindo música, jogando bingo com o Clédio, brincando de adivinhações e vendo uma revista que ganhou de um feirante no guará). Quando chegamos em casa perguntei ao Clédio se ele tinha se comportado e ele disse que sim ( Matheus prestava atenção na nossa conversa) então eu disse a ele "Você se comportou, está aqui a sua revista". Ele a pegou e ficou feliz da vida. Foi correndo atrás de uma tesoura para recortá-la.
E essa foi a aventura de hoje.
Resolvi contar esse episódio, pois nem sempre tudo são flores. E também pra mostrar meus erros com Matheus. Apesar de nós, mães de crianças autistas, estarmos sempre atentas a tudo (talvez muito mais que mães comuns) não temos o controle de tudo, ninguém tem.